terça-feira, 20 de outubro de 2009

Face

Cruzei-me, na bomba de gasolina, com um homem que caminhava de olhos no chão.

De sapatos fechados, correctos, discretos, de bom gosto, no máximo com um ano, de calças de cavalheiro, com vincado vinco e de sobretudo liso, com o tamanho certo, bem assente, abotoado para um frio que não vinha de fora, não se apercebia da sua cara de barba forte de um dia, confusa, de quem não sabe como lhe aconteceu, ou até mesmo o que lhe aconteceu.

Mãos esquisoides e nervosas saíam das mangas do sobretudo. Uma abanava ao mesmo tempo que tamborilava os dedos que pendiam. A outra tentava revirar-se para cima, os dedos tentando tocar o pulso.

Como? pago? resolvo? aconteceu? explico? olho ao espelho? disfarço? nao desiludo? não me desiludo? existo? vivo amanhã?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Passou hoje mais um dia em que a minha vida não mudou.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O mergulho

Hoje deixei de me interessar pelos meus vícios. E ainda assim, não os deixei. Agora é apenas gratuito, já não é pelo prazer. Agora é só pela companhia da rotina. É o meu novo patamar. É a partir daqui que desço.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Rien

Passou uma semana de nada. Que está entre um longo tempo de nada e um tempo futuro em que nada se avizinha.

domingo, 19 de julho de 2009

Há uns anos criava, em média, 1 blog de 2 em 2 meses. Escrevia meia dúzia de posts e logo me ocorria criar outro, com outro tema, ou apenas outro nome. Na verdade, o que sempre gostei, coisa rapidamente notada por quem me ia acompanhando, foi de aproveitar os nomes "perfeitos para um blog" que me iam vindo à cabeça. Lembrei-me, até, do conceito de "blog de um post só".

E foi então que criei a ideia de um blog que muda de nome sempre que me apetece. A ferramenta perfeita para esta mania de que consigo lembrar de bons nomes para blogs. E foi então que deixei de ter ideias para nomes de blogs. Estranho? Bom...

Do que me apercebi foi de que gosto de ter as coisas ao meu alcance, mas que não gosto de as tocar. Ou prefiro talvez a comtemplação como o modo perfeito de possuir, dado que é uma posse idealizada e, por isso, possível sem qualquer imprefeição.

Assim, é a custo que concretizo a mudança de nome do blog, coisa que sem dúvida me apetece, mas apenas na forma ideal. A concretização do conceito parece ridícula, sempre aquém do potencial.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Indigesto

Pus um pouco de verde a mais no caldo. Agora, em vez de sopa tenho uma espécie de salda de hortaliça.

E aquele bacalhau cru também não está nada de especial.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Justiça

Considerando que foi a minha mãe que me fodeu as competências emocionais, faz sentido que seja ela a pagar a psicanálise.